quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Psicanálise e resumo do filme "Freud além da alma" - Por: Camila Sodré Costa


Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica da psique humana independente da psicologia, inserido nesta desenvolvido por Sigmund Freud.
De acordo com Freud, psicanálise é o nome de um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo, um método (baseado nessa investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos, e uma coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se acumulou numa "nova" disciplina científica. A essa definição elaborada pelo próprio Freud pode ser acrescentada um tratamento possível da psicose e perversão, considerando o desenvolvimento dessa técnica.
Ainda segundo o seu criador a psicanálise cresceu num campo muitíssimo restrito. No início, tinha apenas um único objetivo — o de compreender algo da natureza daquilo que era conhecido como doenças nervosas ‘funcionais’, com vistas a superar a impotência que até então caracterizara seu tratamento médico. Em sua opinião, os neurologistas daquele período haviam sido instruídos a terem um elevado respeito por fatos químico-físicos e patológico-anatômicos e não sabiam o que fazer do fator psíquico e não podiam entendê-lo. Deixavam-no aos filósofos, aos místicos e — aos charlatães; e consideravam não científico ter qualquer coisa a ver com ele.
Os primórdios da psicanálise datam de 1882 quando Freud, médico recém formado, trabalhou na clínica psiquiátrica de Theodor Meynert, e mais tarde, em 1885, com o médico francês Charcot, no Hospital Salpêtrière (Paris, França). Sigmund Freud, um médico interessado em achar um tratamento efetivo para pacientes com sintomas neuróticos ou histéricos. Ao escutar seus pacientes, Freud acreditava que seus problemas se originaram da inaceitação cultural, ou seja, seus desejos eram reprimidos, relegados ao inconsciente. Notou também que muitos desses desejos se tratavam de fantasias de natureza sexual. O método básico da psicanálise é o manejo da transferência e da resistência em análise. O analisado, numa postura relaxada, é solicitado a dizer tudo o que lhe vem à mente (método de associação livre). Suas aspirações, angústias, sonhos e fantasias são de especial interesse na escuta, como também todas as experiências vividas são trabalhadas em análise. Escutando o analisado, o analista tenta manter uma atitude empática de neutralidade. Uma postura de não-julgamento, visando a criar um ambiente seguro.
A originalidade do conceito de inconsciente introduzido por Freud deve-se à proposição de uma realidade psíquica, característica dos processos inconscientes. Por outro lado, analisando-se o contexto da época observa-se que sua proposição estabeleceu um diálogo crítico à proposições Wilhelm Wundt (1832 — 1920) da psicologia com a ciência que tem como objeto a consciência entendida na perspectiva neurológica (da época) ou seja opondo-se aos estados de coma e alienação mental. 
Muitos colocam a questão de como observar o inconsciente. Se a Freud se deve o mérito do termo "inconsciente", pode-se perguntar como foi possível a ele, Freud, ter tido acesso a seu inconsciente para poder ter tido a oportunidade de verificar seu mecanismo, já que não é justamente o inconsciente que dá as coordenadas da ação do homem na sua vida diária.
Não é possível abordar diretamente o inconsciente (Ics.), o conhecemos somente por suas formações: atos falhos, sonhos, chistes e sintomas diversos expressos no corpo. Nas suas conferência na Clark University (publicadas como Cinco lições de psicanálise) nos recomenda a interpretação como o meio mais simples e a base mais sólida de conhecer o inconsciente.
Outro ponto a ser levado em conta sobre o inconsciente é que ele introduz na dimensão da consciência uma opacidade. Isto indica um modelo no qual a consciência aparece, não como instituidora de significatividade, mas sim como receptora de toda significação desde o inconsciente. Pode-se prever que a mente inconsciente é um outro "eu", e essa é a grande ideia de que temos no inconsciente uma outra personalidade atuante, em conjuntura com a nossa consciência, mas com liberdade de associação e ação.
O modelo psicanalítico da mente considera que a atividade mental é baseada no papel central do inconsciente dinâmico. O contato com a realidade teórica da psicanálise põe em evidência uma multiplicidade de abordagens, com diferentes níveis de abstração, conceituações conflitantes e linguagens distintas. Mas isso deve ser entendido em um contexto histórico cultural e em relação as próprias características do modelo psicanalítico da mente.
Métodos Psicanalíticos

·         Associação livre
A livre associação foi um método utilizado por Freud, em substituição à hipnose, que consistia em deitar o paciente no divã e encorajá-lo a dizer o que viesse à sua mente, sendo também este convidado a relatar seus sonhos. Freud analisava todo o material que aparecesse, e buscava entendê-los e encontrar os desejos, temores, conflitos, pensamentos e lembranças que pudessem se encontrar, que estivessem além do conhecimento consciente do paciente.
·         Atenção flutuante
Segundo Freud, modo como o analista deve escutar o analisando: não deve privilegiar a priori qualquer elemento do discurso dele, o que implica que deixa funcionar o mais livremente possível a sua própria atividade inconsciente e suspenda as motivações que dirigem habitualmente a atenção.
·         Transferência
Processo pelo qual desejos inconscientes se atualizam sobre determinados objetos. Repetição de protótipos infantis vivida com um sentimento de atualidade acentuada.

Contratransferência
Envolve sensações, sentimentos e percepções que brotam no terapeuta, emergentes do relacionamento terapêutico com o paciente: como respostas às manifestações do paciente e o efeito que tem sobre o analista. É um sinal de grande significação e valor para orientar o terapeuta no trabalho analítico.
·         Mecanismo de defesa
Designa em psicologia em geral e na teoria psicanalítica em particular as ações psicológicas que têm por finalidade reduzir qualquer manifestação que pode colocar em perigo a integridade do ego, onde o indivíduo não consiga lidar com situações que por algum motivo considere ameaçadoras. São processos subconscientes ou mesmo inconscientes que permitem à mente encontrar uma solução para conflitos não resolvidos no nível da consciência. As bases dos mecanismos de defesa são as angústias. Quanto mais angustiados estivermos, mais fortes os mecanismos de defesa ficam ativados.
·         Projeção
Segundo Freud, a projeção é um mecanismo de defesa psicológico em que determinada pessoa "projeta" seus próprios pensamentos, motivações, desejos e sentimentos indesejáveis numa ou mais pessoas.
·         Resistencia
Em psicologia clínica resistência, é qualquer ato ou atitude frente ao cenário terapêutico, ou, já que o foco psicanalítico oposto analisado ​​conteúdos de acesso a partir do seu inconsciente.
De um ponto de vista geral, o comportamento de resistência é o comportamento de oposição de um indivíduo contra o outro (ou grupo) que pode ser positivo ou negativo. Ele funciona como um negativo, quando a oposição ao bem-estar próprio e coletivo. É positivo quando preserva hábitos valiosos, apesar da oposição do ambiente, por exemplo, quando uma criança sempre lava as mãos que seus colegas não.
·         Ato falho
Inconscientemente, isto é, através do ato falho o desejo do inconsciente é realizado. Isto explica o fato de que nenhum gesto, pensamento ou palavra acontece acidentalmente. Os atos falhos são diferentes do erro comum.
Freud evidenciou que o ato falho era como sintoma, constituição de compromisso entre o intuito consciente da pessoa e o reprimido.
Ato falho abrange também erros de leitura, audição, distração de palavras. São circunstâncias acidentais que não tem valor e não possuem consequência prática.
Os atos falhos são compreendidos por muitas pessoas como falta de atenção, cansaço, eventualidade, porém pode ser interpretado como uma manifestação reprimida.
·         Libido
É caracterizada como a energia aproveitável para os instintos de vida. De acordo com Freud, o ser humano apresenta uma fonte de energia separada para cada um dos instintos gerais.
Sua produção, aumento ou diminuição, distribuição e deslocamento devem propiciar-nos possibilidades de explicar os fenômenos psicossexuais observados.
A libido apresenta uma característica importante que é a sua mobilidade, ou a facilidade de alternar entre uma área de atenção para outra.


Um filme que mostra um pouco sobre a psicanálise e sua história é “ Freud, além da alma” que é dirigido por John Huston, fala sobre o período da vida do "pai da psicanálise" desde que ele se graduou no curso de Medicina na Universidade de Viena até a formulação da teoria da sexualidade infantil.
O filme começa mostrando Freud numa resistência em tratar de uma paciente com neurose de histeria, em um hospital, cujo diretor era Meynert. Ele dizia acreditar que histeria era uma mentira, e que acontecia somente para fugir das responsabilidades.
Ansioso em obter respostas para acabar com o sofrimento de seus pacientes decidiu ir para Paris, estudar a doutrina de Charcot. Em uma de suas aulas, Charcot demonstrou que a histeria não era fruto de bruxaria, mas sim que era de origem psíquica. Ao regressar a Viena, Freud casou-se com Martha. Em uma de suas palestras, na Sociedade Médica de Viena, mostrou que, através de conhecimentos anteriores, e de seus aprendizados com Charcot em Paris, havia pensamentos de níveis inconscientes, que havia traumas vindos de fatos ocorridos na infância, e que era preciso ainda descobrir seus elos. Não teve sucesso, pois Meynert alegou que o que Freud havia dito não tinha nada de novo. Assim, Meyner foi aplaudido pela assembléia.
Continuando seus estudos, chegou a conclusão que realmente após a hipnose os sintomas permaneciam. Continuou a usá-la mesmo assim, tentando fazer com que as lembranças continuassem, após o momento do transe.
A sessões analíticas baseadas na livre associação tornou-se uma regra indispensável e unida à interpretação dos sonhos serviu de ferramenta para que Freud lançasse os princípios centrais da psicanálise. A descoberta do inconsciente e de sua importância psíquica constituiu o fundamento da psicanálise.
Em um de seus diálogos com Breuer, descobriram um erro na teoria de Charcot: a mente não se dividia. Apenas tirava o trauma da consciência, deixava as lembranças inconscientes e as emoções são descarregadas fisicamente.
Durante um sonho, descobriu seu complexo de Édipo e assim passou a fazer sua auto-análise, pois Breur não o aceitou como paciente.   A conselho deste, foi ao hospital e foi surpreendido hipnotizando um paciente, contrariando a posição de Meynert, o que causou sua demissão.
Freud elaborou a "Teoria das neuroses", mas Breuer não concorda que uma teoria parta de um só experimento, o de si próprio. Freud diz que essa teoria foi baseada com todos os casos já tratados e que todos os traumas estão ligados à sexualidade.
A paciente de Breuer, já tida como curada e que, segundo ele, não tinha nenhum problema causado pela sexualidade, volta a ter um surto, apresentando sintomas de trabalho de parto, sendo que não estava grávida. Breuer passa a cliente para Freud, alegando paixão dela por ele, e que não poderia deixar que isso interferisse em seu casamento.
O pai de Freud falece e Freud não consegue entrar no cemitério, desmaia, tem um sonho amedrontador e diz para Breuer que os sonhos têm sentido para aqueles que sonham, mas são ícones do inconsciente misturados com fatos do consciente, e de difícil interpretação. Descobre que havia algum erro de seu pai escondido nas profundezas da sua mente que ele não conseguia alcançar. Ao contrário das outras pessoas, Freud procurava abrir os olhos e enxergar o mal que seu pai lhe fizera.
Decidiu voltar ao cemitério com Breuer, novamente sente os mesmos sintomas. Pensa em alguma ligação, tenta desvendar o que estava encoberto com relação a seu pai, e vem a sua mente que as neuroses podem surgir desde a infância.
Freud continua tratando da paciente Cecily, que fora antes de Breuer. Abolindo o método hipnótico por opção da própria paciente, Freud a leva a muitas lembranças através da livre associação, em estado plenamente consciente. Cecily fala de seus sonhos e fatos da sua vida, e Freud desvendando, certifica-se que pode chegar ao inconsciente mesmo com o paciente em estado consciente.
Então, volta a pensar em sua infância para tentar fazer uma ligação ao que causou o surto em frente ao cemitério. Tem um sonho onde vê a figura da sua mãe que o deixou sozinho para ir dormir com seu pai. Sentiu ciúmes porque queria a mãe ali e não com o pai, assim veio a culpa por achar que desonrou seu pai.
Quando pensa em desistir, sua esposa pega uma de suas agendas e lê:
"O progresso é como andar, consegue-se perdendo e ganhando equilíbrio.
É uma série de erros... De erro em erro acaba-se descobrindo a verdade".
Freud lembra que havia escrito uma vez: "...o falso é às vezes a verdade de cabeça para baixo". Descobre que no universo da fantasia pode estar a realidade. Quando a jovem dizia que o pai a molestou, na verdade ela queria possuir seu próprio pai. Uma fantasia transportada para a fase adulta, que não sendo trabalhada, tornou-se um recalque. Freud muda sua teoria, chegando a conclusão que a criança também tem seus instintos sexuais desde quando nasce, suprindo suas necessidades alimentares com o leite materno e satisfação de sua sexualidade em sugar o seio da "mãe". Sua mãe ou quem cumpre essa função, é seu primeiro objeto de desejo.
Conversando com Breuer, que acha difícil convencer os outros médicos, a idéia de que a teoria seria invertida, a sexualidade adulta tornar-se sexualidade infantil. Este, o tomando como filho, proíbe Freud de publicar aquele capítulo da sexualidade infantil. Freud resiste dizendo: "chega uma hora que se deve renunciar a todos os pais e ficar de pé sozinho".
Em palestra no "Conselho de Neurologia e Psiquiatria de Viena", Freud começa frisando como na "Idade da Inocência" a criança não tem consciência sexual, porém começa falar sobre a fase oral. Os médicos começam a se retirar aos poucos, mas Freud continua a falar dos desejos da criança, da concorrência entre os pais, cita Édipo e que cada ser humano tem esse desafio, de se confrontar com o seu complexo e de superá-lo. Se conseguir superar se torna um ser humano completo, se não se tornará um neurótico.
Quando um dos médicos do conselho levanta-se e pergunta ao Dr. Breuer se ele concorda com Dr Freud, Breuer defende o amigo, dizendo que Freud é um dos melhores, no meio médico para esses assuntos, mas que jamais poderia concordar com a teoria da "Sexualidade Infantil".
Já no final, Freud caminha lentamente, consegue ultrapassar o muro do cemitério, chegando até a lápide de seu pai.

A psicanálise revelou o inconsciente do homem e como ela o iluminou...Sigmund Freud revelou outra parte da nossa mente - O funcionamento em segredo - que pode até mesmo controlar nossas vidas.

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